De quem é a culpa das mortes no trânsito? Das montadoras
De quem é a culpa das mortes no trânsito? Das montadoras
As 43 mil mortes ocorridas todos os anos no trânsito brasileiro são, em parte, de responsabilidade das montadoras que produzem e vendem carros que muitas vezes deixam de passar por testes independentes de segurança por deixarem a desejar com os dispositivos instalados nos automóveis para salvar vidas. É o que sugere o relatório Safer Cars For Latin America, que destaca a disparidade das regulamentações de segurança veicular em países da América Latina. Veículos estes que não poderiam ser vendidos nos mercados da Europa e dos Estados Unidos por conta dessa precariedade.
De 22 modelos de carros considerados fora dos padrões, 15 são vendidos para consumidores da América Latina. São veículos das marcas Chevrolet, Nissan, Volkswagen, Fiat, Hyundai e Suzuki. E o pior: têm resultados destacados nas vendas. “Os dados falam por si só. Existe um padrão ambíguo inaceitável sendo aplicado na América Latina. Vidas dos consumidores são colocadas em risco onde as regulamentações do governo são fracas. Fabricantes lucram com essas falhas nas regulamentações e continuam vendendo carros que não são seguros”, diz Amanda Long, diretora-geral da Consumers International.
Ainda de acordo com o relatório, cerca de 150 mil carros vendidos na América Latina no ano passado seriam reprovados em testes padrão de impacto. São unidades que saem das linhas de produção sem airbags e que deixam de atender as capacidades mais básicas de segurança veicular. Se levar em conta só os motoristas, tratam-se de 150 mil vidas em risco. “E isto vai continuar até que os governos adotem as regulamentações da ONU e os fabricantes introduzam o mínimo de capacidades de segurança em cada veículo que produzem, independentemente de lugar em que está sendo vendido”, complementa a especialista.
Cinco dos carros no topo 10 dos mais vendidos no México e no Brasil – maiores mercados da AL – tiveram notas baixas nos crash tests. A GM, por exemplo, vendeu 725.787 carros com zero estrela, veículos que nunca entrariam nos mercados da Europa e dos Estados Unidos.
Outra preocupação é a desinformação dos consumidores latino-americanos sobre os padrões de segurança dos veículos que adquirem. Segundo o relatório, “existe uma falta de consciência sobre o que esperar e cobrar quando se compra um carro novo”.
Por ano, 1,25 milhão de pessoas morrem no trânsito em todo o mundo, sendo que 90% das mortes são por acidentes de carros em países em desenvolvimento. Há uma ligação nítida entre países com regulamentações frágeis de segurança e o alto número de óbitos. No Peru, que deixou de cumprir as sete regulamentações da ONU, 4.234 pessoas morreram em acidentes no ano passado, uma taxa de 13,9 mortes para cada 100 mil pessoas.
Na Índia, que ainda produz e vende automóveis que falharam em testes de colisão, planeja-se adotar em 2017 o padrão mínimo de regulamentações recomendadas pela ONU.
“Estamos pedindo aos governos da América Latina para que adotem as regulamentações da ONU e que trabalhem junto às organizações de consumidores em campanhas de conscientização do público para salvar vidas. Nós também pedimos que fabricantes de carros parem de vender carros que não são comprovadamente seguros e que voluntariamente adotem as regulamentações da ONU. Eles terão que se adequar algum dia e nós vamos pressionar os governos para que introduzam as regulamentações. Agora é a hora de fazer a mudança e pedir por carros mais seguros”, declara Tamara Meza, da Consumers International do Chile.
Para reforçar a importância de adotar as regulamentações da ONU, a Consumers International, em parceria com quatro entidades latino-americanas (El Poder del Consumidor – ASPEC , Odecu e UUC Argentina) também coloca no ar uma ação online pedindo que os governos do Chile, Peru, Argentina e México adotem as resoluções da ONU.
Assista ao vídeo da campanha:
Fonte: Radar Nacional
O artigo: De quem é a culpa das mortes no trânsito? Das montadoras, também pode ser encontrado no portal: IN Trânsito.