Movimento por carros a diesel no Brasil continua
Movimento por carros a diesel no Brasil continua
Nem mesmo as constantes altas no preço do barril do petróleo minam a proposta de inserir no mercado nacional carros movidos a diesel. A produção e a comercialização de veículos de passeio movidos a diesel foram proibidos há 40 anos pelo Ministério da Indústria e Comércio, que naquele tempo, vivia a crise do petróleo e encontrou no álcool uma saída para depender menos do diesel importado.
Nos últimos anos, a proibição é sustentada com argumentos como o potencial poluidor do diesel ou o preço dos veículos com o propulsor, que precisam ser mais robustos, desta forma, mais caros.
Mas há visões contrárias e propostas discutindo a restrição. De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), a indústria automotiva não vê sentido para manter a proibição, já que o diesel polui bem menos nos dias atuais.
Na Câmara dos Deputados, uma comissão discute o Projeto de Lei 1013/2011, que prevê reverter a medida. O assunto já reuniu entidades, órgãos oficiais, entidades de classe, ambientalistas entre outros, em audiências públicas. O relator da comissão deputado Evandro Roman (PSD-PR), irá apresentar parecer antes que o projeto seja votado. A revogação dessas restrições, argumenta a Fecombustíveis, não trará aumento na emissão total de poluentes de veículos, nem haverá problema quanto à demanda no varejo pelo derivado do petróleo.
O engenheiro Vicente Alves Pimenta, representante da Aprove-Diesel e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), afirmou que não existem mais justificativas para manter a proibição. “Precisamos esclarecer os mitos que ainda existem sobre os veículos leves a diesel , disse, apresentando uma série de cálculos que demonstram a eficiência e o custo destes veículos”.
Para o engenheiro Luso Ventura, membro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil, liberar o carro a diesel no Brasil o tira da condição de único país que restringe o uso do combustível. “O Brasil já produz veículos diesel de diferentes categorias para exportação, porém, em baixos volumes. A liberação também poderia dar impulso importante nos volumes, com reflexos nos investimentos, na criação de empregos de maior qualificação, nos custos do produto e nas exportações de veículos, motores e autopeças, afirmou.
Meio ambiente
A discussão do ponto de vista ambiental também muda de cenário com o passar dos anos. Motores e veículos de última geração estão aptos a atender às legislações mais avançadas de emissões. “A maior eficiência do diesel mais do que compensa o preço mais elevado do diesel S10. Rodam mais de 20 km com um litro em aplicação mista. Veículos diesel como os SUVs e os Jeeps, de avançada tecnologia, começam a ser produzidos no Brasil ou são importados. A prática do abastecimento com S10 está sendo disseminada e os proprietários não querem correr o risco, não só dos altos custos de manutenção, como também das emissões pelo uso de um combustível inadequado ’, disse Ventura.
Por outro lado, especialistas apontam que, diferentemente do que se pensa, a popularização do diesel pode não ser uma boa oportunidade para a produção do biodiesel. O combustível já apresentou problemas relacionados ao tempo de armazenamento no tanque. “Veículos como SUV’s e Jeeps já rodam no Brasil sem que se tenha notícias de problemas ’, argumentou Ventura. “De fato, é de se esperar que veículos mais modernos apresentem menor potencial de problemas para o uso de biodiesel, mas são necessários testes para avaliar o desempenho em misturas superiores a 7%, ou reforçar cuidados de manutenção em situações específicas, como o caso de veículos que permanecem por longos períodos parados”, pondera.
Outro ponto muito discutido é que o aumento de demanda por diesel poderia elevara dependência brasileira ao combustível fóssil. “Recentemente, o Congresso Nacional aprovou um aumento paulatino no teor de biodiesel para 10%. Basta uma etapa de aumento de 1 % no teor de biodiesel para compensara introdução do carro diesel”, afirmou Ventura.
Até 2022, a estimativa é que a demanda de diesel chegue aos 80 bilhões de litros somente com os veículos autorizados. Introduzindo o combustível na frota leve, a elevação seria de 0,6 bilhões de litros, com a redução da gasolina da ordem de 1 bilhão de litros.
Fonte: Radar Nacional
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